Quanto custa a sua hora?

Esta é uma pergunta muito recorrente e também é uma pergunta cilada!

Depende! De qual hora estamos falando, da hora da agenda vazia ou da hora da cirurgia de maior valor agregado?

Definir este custo como se a clínica vendesse um produto único, como diria Peter Spink, meu orientador do mestrado, “ajuda mais a atrapalhar o entendimento do que a gerar um bom planejamento estratégico”.

Para quem ainda insistir em querer ter um valor para diminuir a ansiedade, seguem quatro opções de como fazer esta conta:

1 – Faça a soma de todos os custos fixos (se você precisa entender melhor este conceito, assista ao vídeo sobre o tema no youtube) e divida pelas horas em que é possível utilizar as salas de sua clínica.

Se a sua clínica tiver 2 salas, divida os custos variáveis por 2 e, depois, divida este resultado pelas horas / sala. Teoricamente, a sala pode ser utilizada das 6 às 22h, mas você também pode escolher dividir pelo horário comercial, neste caso, em um mês são 220h. Se o custo fixo de uma sala for de R$ 10000, dividindo pelas horas do horário comercial, então o custo hora será de R$ 45,45.

2 – Divida custo fixo que você paga (pode ser que seja dividido com outro colega ou colegas) e divida pelas horas disponíveis nos períodos em que sua agenda estará disponível para este trabalho.

Se você tem agenda em sua clínica em 4 períodos por semana, serão 16 períodos em um mês de 4 semanas e 20 períodos em um mês de 5 semanas ou 18 períodos em um mês de 4,5 semanas.

Se os custos fixos que você tiver a pagar forem de R$ 5.000, dividindo por 18 períodos (x 4 horas cada período), então o seu custo hora será de R$ 69,44.

3 e 4 – As opções 3 e 4 são apresentadas juntas porque são similares às 1 e 2, porém você deverá inserir aos custos fixos o valor do seu “pró-labore” (quer saber mais sobre este assunto, assista o vídeo sobre o tema), isto é, quanto quer ter de ganho em sua clínica todos os meses mês. Supondo que queira um ganho líquido enquanto pessoa física de R$ 30.000, seguindo o modelo da opção1, somados aos R$ 10.000 de custo fixo, o custo hora será de R$ 181,81.

Seguindo o mesmo modelo da opção 2 e adicionando o pró-labore de R$ 30.000, o custo hora será de R$ 486,11.

Se a sua consulta durar 10, 15, 30, 45 ou 60 minutos, o seu custo hora deverá ser dividido pelo tempo da consulta para saber qual é o custo correspondente a cada forma de ocupação dessa hora. Lembre-se de inserir o tempo dos retornos nesta conta.

Supondo que você atenda um convênio que pague R$ 110 por consulta, mas que recolha 27.5% de IR na fonte e que tenha o custo de materiais de R$ 5,00, então a margem líquida por consulta será de R$ 74,75. Para pagar os R$ 486,11 por hora, você deverá realizar 6,5 consultas por hora.

Se sua agenda for 100% ocupada e se for ocupada com um tipo de serviço muito parecido com os demais, talvez esta conta lhe seja útil, mas se você tiver uma taxa de ocupação de 30, 40, 50, 60 ou até 100%, e isso varia de mês a mês, de semana a semana, então a conta também tem que considerar as horas não ocupadas.

Além disso, tem outro fator complicador, que é o “quem coloca o preço”. No caso dos convênios, se são eles que definem o preço, a variável que tem controle é o tempo da consulta, mas uma consulta muito curta não vai gerar percepção de valor, não vai te ajudar a entender o paciente e vai dificultar a conversão dos serviços de maior valor agregado.

Provavelmente, se o seu paciente não ficar satisfeito, não vai voltar e não vai indicar novos clientes, aumentando o seu esforço de prospecção e custo de marketing para trazer novos pacientes.

Tendo que realizar 6 consultas em uma hora, provavelmente, além de não oferecer uma consulta boa para o cliente, vai ficar estressada, vai chegar em casa todos os dias depois do horário previsto e, mesmo que consiga atingir o ganho estabelecido como meta, terá uma vida ruim!

Por que esta forma de fazer a conta não te ajuda? Por que você vai ter tantas variáveis que continuará sem ter uma boa referência e a cada mês terá que perder tempo refazendo conta que vai ter um fator psicológico muito ruim, que é olhar para o que falta e para o quanto vai te custar em vez de colocar foco em como e com que deverá preencher estas horas.

Se é pra ter hora ociosa e com custo, é melhor aceitar qualquer convênio que já ajudará a pagar a conta. Isso até pode fazer sentido no curto prazo, no longo prazo vai encher sua agenda com muito trabalho, estresse e um ganho limitado.

Um decisão errada pode comprometer o seu resultado por muito tempo!

Espero que este texto tenha te ajudado a entender o porquê de não fazer o seu planejamento financeiro estratégico a partir do custo hora.

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